A grande dama da literatura nacional e um poema de Intramuros
Astrid Cabral Félix de Sousa
nasceu a 25/09/36 em Manaus, AM, onde fez os primeiros estudos e integrou o
movimento renovador Clube da Madrugada. Adolescente ainda transferiu-se para o
Rio de Janeiro, diplomando-se em Letras Neolatinas na atual UFRJ, e mais tarde como
professora de inglês pelo IBEU. Lecionou língua e literatura no ensino médio e
na Universidade de Brasília onde integrou a primeira turma de docentes saindo
em 1965, em consequência do golpe militar. Em 1968 ingressou por concurso no
Itamaraty, tendo servido como Oficial de Chancelaria em Brasília, Beirute, Rio
e Chicago. Com a anistia, em 1988 foi reintegrada à UnB. Ao longo de sua vida
profissional desempenhou os mais variados trabalhos, fora e dentro da área
cultural. Com a aposentadoria desde 1996 passou a dedicar-se exclusivamente à
literatura e à família. Colabora em jornais e revistas especializadas. Viúva do
poeta Afonso Félix de Sousa, é mãe de cinco filhos. Publicou, entre outros, os livros: Alameda
(contos), 1963, 2 ed., 1998; Ponto de cruz (poesia), 1979; Torna-viagem
(poesia), 1981; Zé Pirulito (infantil), 1982; Lição de Alice (poesia), 1986;
Visgo da terra (poesia), 1986; Rês desgarrada (poesia), 1994; De déu em déu
(poesia) [reunião de 5 livros], 1998; Intramuros (poesia), 1998, 2 ed., 2011;
Rasos d´água, 2003; Jaula (poesia), 2006; Ante-sala (poesia), 2007; Palavra na
berlinda (poesia), 2011; Infância em franjas (poesia), 2014; recebeu da ABL o Prêmio
Olavo Bilac e o Nacional de Poesia em 2004, além de vários outros. Membro do
PEN Clube do Brasil.
Poema de "Intramuros":
COMUNHÃO
Debulho feijões de corda
como quem debulha auroras.
As vagens entre meus dedos
outras falanges mais finas.
Terra sol chuvisco lua
no verde ambíguo distingo.
Sinto a seiva das neblinas
toco a saliva do orvalho.
Penso no abismo da queda
entre paisagem e panela.
Caninos trincando auroras
antecipo a comunhão.
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